domingo, 2 de novembro de 2014

O coco no pandeiro

 

 




Dando sequência às atividades do Estágio Supervisionado em Música 4, venho aqui apresentar alguns vídeos e fotos das aulas dessa semana. Diferente dos relatórios de aula, trago comentários e reflexões sobre ações e comportamentos de professor e alunos em sala de aula.
Os vídeos mostram como são as aulas de música, por isso acho desnecessário ficar descrevendo as atividades e comportamentos.
Quero refletir sobre um acontecimento, um imprevisto que ocorreu, e eu, a princípio fiquei receoso em mostrar nesse vídeo. Se ausentar de uma sala de aula frequentada por crianças com idades entre 10 e 11 anos, espertas, falantes e porque não dizer, “bagunceiras” e que disputam a todo tempo e custo, os espaços e a popularidade, é, no mínimo comprometedor. Pois bem, quem tiver a paciência de ver os vídeos, perceberá, que eu, levado pela empolgação da aula, me ausentei deixando por um ou dois minutos os alunos sozinhos na sala. Não estou me justificando. No meio do caminho, quando eu resolvi buscar outro pandeiro na sala ao lado, já na porta eu pensei: “as crianças vão ficar sozinhas”, porém, como eu tinha deixado o João Pedro filmando a aula, continuei o que ia fazer e retornei logo em seguida.
Quando entrei na sala, ao contrário do que eu tinha pensado, eles estavam envolvidos com a atividade. Em casa, ao reproduzir o vídeo, percebi que, na minha ausência nenhum dos alunos aproveitou para fazer algo de errado, comentários e brincadeiras sem graça. Então me perguntei: Por que será que eles não aprontaram? Será que eles são tão espertos que respeitaram somente a câmera que estava filmando a aula?
É natural que qualquer turma nessa idade apronte na ausência do professor ou do responsável por ela. Porém, acredito que, a partir do momento que o professor trata seu aluno com respeito e carinho, é retribuído da mesma forma pelos alunos. Não estou aqui querendo defender aluno e nem tampouco professor, mesmo porque, esta estrada eu percorri e ainda percorro pelos dois polos, ou seja, como aluno e como professor. Mas, estou defendendo uma mudança de comportamento que nos leve ou pelo menos nos aproxime da paz entre professores, alunos e pais de alunos.
Sabemos que esse comportamento rebelde dos alunos advém do mesmo comportamento dos pais, da violência familiar, do ambiente em que a criança convive, enfim, não acredito que somente as crianças sejam culpadas de serem como são.
Ainda ontem, lá pelas 23horas, depois de corrigir minha análise de vídeos para o meu TCC, resolvi ir até um barzinho que fica perto de casa para comer um tira-gosto com minha esposa. Tive uma surpresa ao ver um amigo tocando, e isso foi o que me fez permanecer no local por mais tempo. Em uma mesa ao lado, estava um senhor já de cabelos brancos aparentando 70 anos, um casal de mais ou menos, 28 anos e quatro crianças com idades entre 0 a 10 anos. Notei que o bebê dormia no colo da mãe e um outro de mais ou menos 9 anos cochilava na cadeira. Então, o rapaz que estava ao lado da mãe, gritava com o menino que dormia. “D..., acorda!!! Não vai dormir ai, levanta e vai buscar outra cerveja! Na mesa não tinha refrigerante e nem comida para as crianças que permaneceram em um ambiente não recomendado.
Bom, no mínimo essas crianças agirão assim futuramente. E na escola, como elas se comportam?
Por isso, acredito que podemos nos doar mais aos nossos alunos. Enquanto eu pensava que era preciso amedrontar para conquistar o respeito, eu não tinha o respeito dos alunos. A partir do momento que compreendi que respeitando meus alunos e cumprindo tudo o que prometo, sou recompensado com atitudes como essa do vídeo dessa semana.
Portanto, continuarei assim, amigo dos meus alunos e, com certeza os momentos nas aulas serão sempre agradáveis,
Fica a dica!
Paulo Roberto de Souza e Silva
pmanaca@gmail.com

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