Ocupando espaços
Pelo
amor que tenho pela música, talvez, se eu ministrasse outra disciplina, não incomodar-me-ia
uma aula ou uma oficina de percussão na sala ao lado da minha. Isto também pode
ser somente minha opinião de músico/professor que sofre com as reclamações dos
colegas quando subo com os instrumentos para a sala de aula. Pandeiros, ganzás,
triângulos, rebolos, caixas, enfim, tudo que um professor de música precisa
para, literalmente “infernizar” o ambiente escolar. Quem gosta são as crianças!
Não só as crianças que estão realizando as atividades naquele momento, mas,
todas as crianças da escola são envolvidas pelo barulho, sincronizado ou não
dos instrumentos nas performances dos novos instrumentistas. Um fato que eu
percebo na escola onde atuo como professor de música e oficineiro de percussão
pelo Programa Mais Educação, é que, quando as outras crianças que estão assistindo
outras aulas que não a música, entendem o ritmo que está sendo tocado na sala
ao lado, automaticamente eles acompanham batendo nas mesas, e isso aterroriza a
professora regente. Que culpa eu tenho se a música contagia? Que culpa eu tenho
se as crianças gostam dos ritmos que ensino? E por que eu não tenho uma sala de
música com tratamento acústico para não incomodar as outras aulas? Essa última
questão é um sonho de consumo, porém, dificilmente será realizado. Porém,
enquanto isso não acontece, vamos tocando tambores até sangrar as mãos.
Para
essa aula optamos por sair da sala de aula e ocupar o espaço da pequena
arquibancada da quadra. Talvez tenha amenizado um pouco o barulho nas dependências
da escola. Confesso que os alunos adoraram. Inclusive os que estavam em sala
assistindo outras disciplinas, pois, foi um show par eles que ficaram
disputando espaços nas janelas da escola. É... parece que não resolveu muito o
problema da atenção dos alunos, mas, devo confessar que foi um momento ímpar
para a turma do 2º CPA “B” que, além de se comportar muito bem, experimentaram,
improvisaram e tocaram de forma considerável.
Nesse
dia, tudo foi permitido, até tomar água e ir ao banheiro fora de hora. O essencial
era tocar e falar de música, e isso foi contemplado. Meu papel nesse dia foi de
espectador e operador de câmera. Desenvolvi minha função e aproveitei para
fazer essas observações e reflexões sobre o desenvolvimento e autonomia da
turma.
Paulo Roberto de Souza e Silva
pmanaca@gmail.com
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