segunda-feira, 17 de novembro de 2014

MARACATUANDO NA QUADRA

Ocupando espaços


Pelo amor que tenho pela música, talvez, se eu ministrasse outra disciplina, não incomodar-me-ia uma aula ou uma oficina de percussão na sala ao lado da minha. Isto também pode ser somente minha opinião de músico/professor que sofre com as reclamações dos colegas quando subo com os instrumentos para a sala de aula. Pandeiros, ganzás, triângulos, rebolos, caixas, enfim, tudo que um professor de música precisa para, literalmente “infernizar” o ambiente escolar. Quem gosta são as crianças! Não só as crianças que estão realizando as atividades naquele momento, mas, todas as crianças da escola são envolvidas pelo barulho, sincronizado ou não dos instrumentos nas performances dos novos instrumentistas. Um fato que eu percebo na escola onde atuo como professor de música e oficineiro de percussão pelo Programa Mais Educação, é que, quando as outras crianças que estão assistindo outras aulas que não a música, entendem o ritmo que está sendo tocado na sala ao lado, automaticamente eles acompanham batendo nas mesas, e isso aterroriza a professora regente. Que culpa eu tenho se a música contagia? Que culpa eu tenho se as crianças gostam dos ritmos que ensino? E por que eu não tenho uma sala de música com tratamento acústico para não incomodar as outras aulas? Essa última questão é um sonho de consumo, porém, dificilmente será realizado. Porém, enquanto isso não acontece, vamos tocando tambores até sangrar as mãos.
Para essa aula optamos por sair da sala de aula e ocupar o espaço da pequena arquibancada da quadra. Talvez tenha amenizado um pouco o barulho nas dependências da escola. Confesso que os alunos adoraram. Inclusive os que estavam em sala assistindo outras disciplinas, pois, foi um show par eles que ficaram disputando espaços nas janelas da escola. É... parece que não resolveu muito o problema da atenção dos alunos, mas, devo confessar que foi um momento ímpar para a turma do 2º CPA “B” que, além de se comportar muito bem, experimentaram, improvisaram e tocaram de forma considerável.
Nesse dia, tudo foi permitido, até tomar água e ir ao banheiro fora de hora. O essencial era tocar e falar de música, e isso foi contemplado. Meu papel nesse dia foi de espectador e operador de câmera. Desenvolvi minha função e aproveitei para fazer essas observações e reflexões sobre o desenvolvimento e autonomia da turma.

Paulo Roberto de Souza e Silva
pmanaca@gmail.com

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