Introdução
O projeto tem como
tema “COCO E MARACATU” e será desenvolvido durante as oficinas de percussão aliando
teoria musical, literatura e prática de conjunto. Com esse projeto eu pretendo oferecer
conhecimentos acerca de dois ritmos nordestinos, finalizando na execução de
duas músicas relacionadas com esses ritmos usando a voz e instrumentos convencionais
e não convencionais. O “coco” é uma dança que faz parte do folclore nordestino,
porém com origem incerta. Algumas pessoas dizem que veio da África, trazida
pelos escravos. Outros afirmam que é a união das culturas negras e indígenas e
tem sua forma musical cantada e acompanhada por instrumentos de percussão como
o ganzá, o triângulo, pandeiro e batidas dos pés. É também conhecido como
samba, pagode ou zambê.
Já o “maracatu”, tem
origem negra e religiosa. Existem dois tipos de maracatu, sendo o “baque
virado” também conhecido por maracatu Nação que tem relação com o Candomblé
(religião de matriz africana) e a coroação de escravos negros que se desenvolve
num cortejo que conta com o rei, a rainha e uma corte simbólica. O “baque
solto” que é conhecido por maracatu Rural, não tem vínculo religioso e seus
personagens principais são os caboclos de lança representados pelos
trabalhadores rurais. Esse maracatu faz parte do folclore Pernambucano.
Fundamentação teórica
O Projeto “Coco e
maracatu”, será desenvolvido com base na prática de conjunto priorizando dois ritmos
nordestinos. Ao apresentar o repertório, corre-se o risco de rejeição por parte
dos alunos, porém, uma das propostas é trabalhar o respeito pela diversidade
musical levando conhecimentos acerca de ritmos não tão comuns ao cotidiano do
grupo.
De acordo com Hentschke et al, (2006), “Há casos
em que as músicas soam estranhas, porque ainda não nos familiarizamos com elas.
É como se fosse um outro idioma que ainda não aprendemos a falar” (p.9). Sendo
assim, o projeto “Coco e maracatu” fará o elo entre o conhecimento prévio do
aluno e o desconhecido.
Conforme Hentschke e Del
Ben (2003), “é possível vivenciar a música de três maneiras: compondo,
executando ou apreciando. As atividades de composição, execução e apreciação
são aquelas que propiciam um envolvimento direto com a música, possibilitando a
construção do conhecimento musical pela ação do próprio indivíduo” (p. 180).
A prática de conjunto,
atividade prioritária do projeto, tornará as aulas mais musicais e
consequentemente mais agradáveis consolidando a aceitação do projeto por parte
dos alunos. Sendo assim
fundamentado, o projeto proporcionará momentos de interação e criação com os
alunos envolvidos no processo.
Objetivo Geral
Conhecer e executar dois ritmos nordestinos através
de experiências em prática de conjunto envolvendo atividades de apreciação,
composição e execução finalizando com uma apresentação dentro da programação da
culminância do projeto institucional da escola.
·
Trabalhar
pulsação individual e em grupo;
·
Trabalhar
valores e o respeito à diversidade musical;
·
Conhecer
os ritmos nordestinos a serem trabalhados no projeto;
·
Manusear
instrumentos convencionais e não convencionais;
·
Tocar
e cantar os ritmos e canções escolhidas:
Repertório
O
repertório para esse trabalho foi escolhido visando trazer ritmos diferentes da
vivência musical dos alunos, e dessa forma, proporcionar um contato com esses
ritmos que, mesmo que os alunos já tenham ouvido, não façam parte do repertório
deles. Escolhi trabalhar com duas músicas de um artista nordestino que, a meu
ver, é um artista completo pois, além da música ele trabalha com a dança e o
teatro. Suas composições são verdadeiras histórias onde, com um jeito lúdico,
ele retrata o cotidiano nordestino. Antônio Carlos Nóbrega nasceu em Recife –
PE, no dia 02 de maio, aos 12 anos de idade ingressou na Escola de Belas Artes
do Recife, foi aluno do violinista Luis Soler e estudou canto lírico com
Arlindo Rocha.
Do
seu repertório, foram escolhidas as seguintes músicas:
Mateus,
embaixador: maracatu de “baque virado” ou maracatu Nação.
Disponível
em: http://letras.mus.br/antonio-nobrega/68955/
Mateus Embaixador
Antonio Nóbrega
Mateus embaixador,
estrela alva do dia,
que sonho é esse?
que sina é essa?
meu povo, meus senhores,
aqui estou no meu destino,
estou no meu desatino,
vim brincar neste lugar.
Sou o mateu presepeiro
sou canção, sou o João Grilo,
eu sou o Benedito,
Tira-teima e o Tiridá.
Minha volta é essa,
sou ligeiro, Pedra-lispe,
também sou onça-tigre,
minha dança é de invocar.
Minha roupa é de chita
é meu lírio, é o meu gibão.
É a rabeca na mão
é o azougue, é o meu punhal.
estrela alva do dia,
que sonho é esse?
que sina é essa?
meu povo, meus senhores,
aqui estou no meu destino,
estou no meu desatino,
vim brincar neste lugar.
Sou o mateu presepeiro
sou canção, sou o João Grilo,
eu sou o Benedito,
Tira-teima e o Tiridá.
Minha volta é essa,
sou ligeiro, Pedra-lispe,
também sou onça-tigre,
minha dança é de invocar.
Minha roupa é de chita
é meu lírio, é o meu gibão.
É a rabeca na mão
é o azougue, é o meu punhal.
Na
pancada do ganzá: coco.
Disponível em: http://letras.mus.br/antonio-nobrega/192491/Na Pancada do Ganzá
Antonio Nóbrega
Eu estava em casa
Mastigando o pensamento,
Olhando pro firmamento,
Que era noite de luar.
E de repente
Uma estrela cadente,
Piscando na minha frente,
Parou pra me falar.
Ela me disse:
Meu poeta camarada,
Tome aqui, quero lhe dar
Um presente magistral.
E foi tirando
Do seu peito colossal
Um instrumento real
Que ela chamava ganzá.
Meu ganzá, meu ganzarino,
Meu ganzarino real,
Gira o mundo, treme a terra,
E eu na pancada do ganzá.
Quando eu peguei
Meu ganzá pra cantar coco
Eu pensei que tava louco,
Eu não pude acreditar,
Pois na primeira
Batida da minha mão
Meu ganzá caiu no chão
E deitou logo a falar:
Salve o coquista
Que chegou de longe agora
Você veio bem na hora
De poder me resgatar
Da solidão
Onde eu tenho vivido,
Onde têm me escondido
Para eu não me revelar.
Sou um instrumento
Pequeno, feio, chinfrim
Que trago dentro de mim
Basculho pra sacolejar,
Garrafa velha
Qualquer coisa reciclada
Dou beleza ritmada
Quando vêm me balançar.
Dou marcação
Pro samba, pro fox-trote
Pro baião, forró e xote
E o que mais venham inventar.
E o que vier,
Até som do outro mundo,
Sou primeiro sem segundo
Na arte de ritmar.
E o ganzá
Se colou na minha mão,
Apertei ele e então
Senti forte um balançar.
Fazia assim:
Tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum
Como no peito o baticum
Que tá pronto pra amar.
E fui cantando,
Fui dizendo ao ganzarino:
Te conheço de menino
Mas hoje fui te encontrar.
Ele falou:
Te conheço há bem mais tempo
Mas não vai ter contratempo
Que possa nos separar.
E disse mais:
Meu cantor, meu menestrel,
Eu conheço esses céus
Antes de cabral chegar;
Pode ir me ver
Onde eu fui desenhado:
Pelo pré-homem datado
Lá na pedra do ingá.
Eu aprendi
Sobre ele e ele de mim,
E tem sido sempre assim
E assim sempre será,
Pois nessa vida
Quem ensina sempre aprende
E a gente mais entende
O que foi e o que virá.
Fomos cantando
O país do futebol,
D'amazônia, praia e sol
Do babau, do boi-bumbá
Do são joão, da cavalhada
Do repente, da congada
Da catira e do guará
Esse país,
Feio, rico, pobre, lindo
Que eu não sei pr'onde tá indo
Mas eu sei que chega lá.
Fomos ouvir
A floresta tropical,
O sertão, o litoral
Ver a seca, a preamar.
Por isso eu digo,
Meu amigo, camarada
Se não tá fazendo nada
Por que cê não vem pra cá?
Tire a gravata
Do pescoço, solte o nó,
Abra o peito e o gogó
Eu, você e meu ganzá.
Mastigando o pensamento,
Olhando pro firmamento,
Que era noite de luar.
E de repente
Uma estrela cadente,
Piscando na minha frente,
Parou pra me falar.
Ela me disse:
Meu poeta camarada,
Tome aqui, quero lhe dar
Um presente magistral.
E foi tirando
Do seu peito colossal
Um instrumento real
Que ela chamava ganzá.
Meu ganzá, meu ganzarino,
Meu ganzarino real,
Gira o mundo, treme a terra,
E eu na pancada do ganzá.
Quando eu peguei
Meu ganzá pra cantar coco
Eu pensei que tava louco,
Eu não pude acreditar,
Pois na primeira
Batida da minha mão
Meu ganzá caiu no chão
E deitou logo a falar:
Salve o coquista
Que chegou de longe agora
Você veio bem na hora
De poder me resgatar
Da solidão
Onde eu tenho vivido,
Onde têm me escondido
Para eu não me revelar.
Sou um instrumento
Pequeno, feio, chinfrim
Que trago dentro de mim
Basculho pra sacolejar,
Garrafa velha
Qualquer coisa reciclada
Dou beleza ritmada
Quando vêm me balançar.
Dou marcação
Pro samba, pro fox-trote
Pro baião, forró e xote
E o que mais venham inventar.
E o que vier,
Até som do outro mundo,
Sou primeiro sem segundo
Na arte de ritmar.
E o ganzá
Se colou na minha mão,
Apertei ele e então
Senti forte um balançar.
Fazia assim:
Tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum
Como no peito o baticum
Que tá pronto pra amar.
E fui cantando,
Fui dizendo ao ganzarino:
Te conheço de menino
Mas hoje fui te encontrar.
Ele falou:
Te conheço há bem mais tempo
Mas não vai ter contratempo
Que possa nos separar.
E disse mais:
Meu cantor, meu menestrel,
Eu conheço esses céus
Antes de cabral chegar;
Pode ir me ver
Onde eu fui desenhado:
Pelo pré-homem datado
Lá na pedra do ingá.
Eu aprendi
Sobre ele e ele de mim,
E tem sido sempre assim
E assim sempre será,
Pois nessa vida
Quem ensina sempre aprende
E a gente mais entende
O que foi e o que virá.
Fomos cantando
O país do futebol,
D'amazônia, praia e sol
Do babau, do boi-bumbá
Do são joão, da cavalhada
Do repente, da congada
Da catira e do guará
Esse país,
Feio, rico, pobre, lindo
Que eu não sei pr'onde tá indo
Mas eu sei que chega lá.
Fomos ouvir
A floresta tropical,
O sertão, o litoral
Ver a seca, a preamar.
Por isso eu digo,
Meu amigo, camarada
Se não tá fazendo nada
Por que cê não vem pra cá?
Tire a gravata
Do pescoço, solte o nó,
Abra o peito e o gogó
Eu, você e meu ganzá.
Metodologia
Para facilitar a compreensão dos alunos sobre
o estilo musical que trabalharemos no estágio, serão apresentadas como exemplo
as duas músicas com os ritmos propostos que farão parte do repertório do
projeto. Optei por escolher para o repertório as músicas “Mateus, embaixador” e
“Na pancada do ganzá” por apresentarem claramente em suas execuções, os ritmos
que pretendo trabalhar com os alunos. Dessa forma, ficará fácil a percepção das
funções de cada instrumento o que os ajudará na leitura e escrita musical dos
ritmos.
Será um
trabalho que envolverá pesquisa e práticas individuais e de conjunto com o
intuito de explorar e executar os ritmos.
Com a pesquisa, os
alunos poderão ter uma visão mais ampla do trabalho desse artista, e assim
fazer uma comparação com as músicas que fazem parte do seu cotidiano. Com isso,
abre-se um leque de possíveis questionamentos, os quais serão respondidos no
decorrer do projeto.
Recursos didáticos
Folhas impressas com as letras do
repertório;
Cd com as músicas do repertório;
Recursos materiais
·
Caixa de som com entrada para pen drive e cartão de memória;
·
Pen
drive ou cartão de memória com as músicas do repertório;
·
Gizes;
·
Câmera digital para fotos e vídeos;
·
Quadro negro;
·
Pandeiros;
·
Caixa;
·
Ganzás;
·
Triângulo;
Avaliação
A avaliação será feita por observação e relatório com ênfase
nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais, ou seja, na forma da aprendizagem
e na maneira de lidar com as atividades individuais e em grupo. O ponto
principal a ser avaliado no início do estágio será a aceitação das atividades
propostas e do repertório por parte dos alunos. No segundo módulo a avaliação
será sobre as habilidades de pesquisas e manuseios dos instrumentos bem como a
interação dos grupos. O produto final será avaliado pela apresentação em sala
de aula do repertório trabalhado com execução dos instrumentos e canto. Minha
participação mediadora nesse processo de ensino e aprendizagem será avaliada
através da minha capacidade de conduzir as aulas de forma musical, atendendo as
necessidades e questionamentos dos alunos em tempo hábil, minha segurança na
transmissão das informações e criatividade nas possíveis mudanças que poderão
ocorrer no desenvolvimento do projeto.
REFERÊNCIAS
HENTSHKE, Liane; DEL BEM, Luciana. Aula
de música do planejamento e avaliação à prática educativa. In: HENTSHKE, Liane;
DEL BEM, Luciana. Ensino de música:
propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Ed. Moderna, 2003,
p. 176-189
ROMANELLI,
Guilherme. O Planejamento no estágio em
música: Desafios e sugestões. (p.
13)
Sites