quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Encontro presencial

08/10/2014
No encontro presencial dessa semana, recebemos a nossa tutora à distancia que nos trouxe um texto bem simples, porém muito intrigante que nos fez refletir sobre nossas escritas. O texto, de autoria do professor Paulo Coimbra Guedes da UFRGS, traz questionamentos sobre os efeitos que uma escrita faz, dependendo do ponto de vista do autor sobre o formato que ele quer escrever. Penso que essa afirmação já é o efeito que estou recebendo a partir da leitura que fiz. Posso estar ou não correto, mas, o que importa agora é o meu ponto de vista e minha reação pós leitura. No momento estou escrevendo o que penso, e, da forma que penso me acho correto afirmar tal conclusão. Por muito tempo venho sendo preparado pelas várias escolas que frequentei e por toda minha trajetória estudantil para o desenvolvimento de uma escrita culta, baseada e fundamentada em outros autores. Os textos apresentados nesse percurso, para mim, eram e ainda são obras maravilhosas que viveriam recolhidas em meus arquivos de biblioteca. Isso era o que eu pensava que seria, pois, modificá-los ou contestá-los seria uma afronta, uma falta de respeito com os criadores, porém, talvez não seja assim. Posso contribuir e devo contribuir, mesmo me arriscando a expor minha visão crítica que, certamente incomodará outras pessoas que possivelmente irão ler esse texto. 
Desta forma já estou contribuindo, do meu jeito, expondo o meu ponto de vista e sendo eu mesmo através da escrita. Aproximando de mim, interiorizando-me para meu próprio reconhecimento e a partir daí, me reconhecer para me apresentar. Isso à vezes pode soar como palavras soltas, mas podem acreditar que em nenhum momento parei para reformular frases. Parei para refletir na leitura e na discussão do grupo sobre o texto. Cada um pensa de forma diferente e assim se expressa, e essa diferença modifica nosso pensamento, e assim sendo, nos traz outra experiência. Por isso afirmo que o encontro presencial dessa semana abriu minha visão e me fez acreditar que, me conhecendo e me representando, serei sempre eu mesmo e minha escrita me acompanhará, às vezes coesa ou não, porém personalizada sempre.

Do texto lido, trago um trecho que me chamou a atenção:

"A prática da escrita pode nos levar para perto de nós, para dentro de nós, pode tirar de dentro de nós e colocar diante de nós o que nós ainda não sabemos que somos."

GUEDES, Paulo Coimbra. A grande aventura radical da escrita como autoconhecimento. Alternativa (namastÊ), n2, set-dez. 2006.

CORRER DE MIM
Juraíldes da Luz
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Quando o calcanhar chegava, o dedão do pé já tinha ido
Escondendo eu me achava e me achava escondido
Só sei que quando penso que sei já não sei quem sou
Já enjoei de me achar no lugar que aonde eu vou eu to
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Tô pensando em tirar férias de mim, mas eu também quero ir
Só vou se minha sombra não for, se ela for eu fico aqui
Um dia desses sonhando eu pensei não vou me acordar
Vou me deixar dormindo e levanto pra comemorar
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
O espelho me disse só tem um jeito pro assunto
Não adianta querer morrer porque se morrer vai junto
Se correr o bicho pega, mas se limpar o bicho some
Tem que desembaraçar o novelo da vida do homem

Se quiser que eu vá eu vou, se quiser que eu fico eu fico
Quero ver você sair, meu irmão, dessa sinuca de bico
Se quiser que eu vá eu vou, se quiser que eu fico eu fico
Quero ver você sair dessa sinuca de bico
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Se quiser que eu vá eu vou, se quiser que u fico eu fico
Quero ver você sair dessa sinuca de bico
Se quiser que eu vá eu vou, se quiser que u fico eu fico
Quero ver você sair dessa sinuca de bico