terça-feira, 25 de novembro de 2014

Maracatuando



TOCANDO NA MESA



Ahhhh! _ é a última aula?
_Do projeto sim, mas, sobre o coco e o maracatu, ainda teremos mais alguns encontros.
Assim foi o início da última aula do Projeto “Coco e maracatu” nessa sexta-feira, dia 21/11/2014. Eu não peguei a chave da sala onde ficam guardados os instrumentos da fanfarra, e por isso, a solução seria usar as mesas como fonte sonora. O objetivo era tocar a batida do tambor de maracatu, porém, nem tão parecida ficou, mas, pensando pela perspectiva experimental as crianças se saíram muito bem. Expliquei como seriam as batidas na mesa com a mão fechada e aberta. A mão fechada dá um som mais forte e aberta seria mais fraco. Senti dificuldade para passar as batidas fazendo o som com a boca e ao mesmo tempo me senti inseguro ou seja, incerto para escrever o trecho feito pelos tambores na música que eu queria que eles tocassem. Quando me sinto assim, prefiro confiar na percepção da minha audição e no ouvido das crianças. Por isso, liguei o aparelho de som e coloquei a música para uma apreciação bem detalhada da levada dos tambores. O resultado ficou assim: tummm  tumduum  tumduum tumdum  tum. Depois de várias tentativas sem obter sucesso, decidi escolher um aluno que estivesse fazendo um som mais ou menos parecido. O aluno “Iago”, por ser mais interessado nas aulas de percussão, se concentra mais, e por isso ele consegue tocar uma batida mais aproximada.
Nesta aula, eu percebi que minha condição de professor não me permite que, em uma atividade, mesmo que eu a tenha planejado e estudado, se me deparar com a incerteza da escrita de uma frase musical, não devo arriscar e escrever algo que não seria exatamente o que eu queria ensinar. Porém, como era a última aula do estágio, não tive a escolha de mudar, visto que o tempo não me permitia isso também, mas, analisei a possibilidade de mostrar de uma forma improvisada, e foi o que aconteceu e tudo ficou quase sincronizado, mas bem maracatuado.
Paulo Roberto de Souza e silva

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

MARACATUANDO NA QUADRA

Ocupando espaços


Pelo amor que tenho pela música, talvez, se eu ministrasse outra disciplina, não incomodar-me-ia uma aula ou uma oficina de percussão na sala ao lado da minha. Isto também pode ser somente minha opinião de músico/professor que sofre com as reclamações dos colegas quando subo com os instrumentos para a sala de aula. Pandeiros, ganzás, triângulos, rebolos, caixas, enfim, tudo que um professor de música precisa para, literalmente “infernizar” o ambiente escolar. Quem gosta são as crianças! Não só as crianças que estão realizando as atividades naquele momento, mas, todas as crianças da escola são envolvidas pelo barulho, sincronizado ou não dos instrumentos nas performances dos novos instrumentistas. Um fato que eu percebo na escola onde atuo como professor de música e oficineiro de percussão pelo Programa Mais Educação, é que, quando as outras crianças que estão assistindo outras aulas que não a música, entendem o ritmo que está sendo tocado na sala ao lado, automaticamente eles acompanham batendo nas mesas, e isso aterroriza a professora regente. Que culpa eu tenho se a música contagia? Que culpa eu tenho se as crianças gostam dos ritmos que ensino? E por que eu não tenho uma sala de música com tratamento acústico para não incomodar as outras aulas? Essa última questão é um sonho de consumo, porém, dificilmente será realizado. Porém, enquanto isso não acontece, vamos tocando tambores até sangrar as mãos.
Para essa aula optamos por sair da sala de aula e ocupar o espaço da pequena arquibancada da quadra. Talvez tenha amenizado um pouco o barulho nas dependências da escola. Confesso que os alunos adoraram. Inclusive os que estavam em sala assistindo outras disciplinas, pois, foi um show par eles que ficaram disputando espaços nas janelas da escola. É... parece que não resolveu muito o problema da atenção dos alunos, mas, devo confessar que foi um momento ímpar para a turma do 2º CPA “B” que, além de se comportar muito bem, experimentaram, improvisaram e tocaram de forma considerável.
Nesse dia, tudo foi permitido, até tomar água e ir ao banheiro fora de hora. O essencial era tocar e falar de música, e isso foi contemplado. Meu papel nesse dia foi de espectador e operador de câmera. Desenvolvi minha função e aproveitei para fazer essas observações e reflexões sobre o desenvolvimento e autonomia da turma.

Paulo Roberto de Souza e Silva
pmanaca@gmail.com

domingo, 2 de novembro de 2014

O coco no pandeiro

 

 




Dando sequência às atividades do Estágio Supervisionado em Música 4, venho aqui apresentar alguns vídeos e fotos das aulas dessa semana. Diferente dos relatórios de aula, trago comentários e reflexões sobre ações e comportamentos de professor e alunos em sala de aula.
Os vídeos mostram como são as aulas de música, por isso acho desnecessário ficar descrevendo as atividades e comportamentos.
Quero refletir sobre um acontecimento, um imprevisto que ocorreu, e eu, a princípio fiquei receoso em mostrar nesse vídeo. Se ausentar de uma sala de aula frequentada por crianças com idades entre 10 e 11 anos, espertas, falantes e porque não dizer, “bagunceiras” e que disputam a todo tempo e custo, os espaços e a popularidade, é, no mínimo comprometedor. Pois bem, quem tiver a paciência de ver os vídeos, perceberá, que eu, levado pela empolgação da aula, me ausentei deixando por um ou dois minutos os alunos sozinhos na sala. Não estou me justificando. No meio do caminho, quando eu resolvi buscar outro pandeiro na sala ao lado, já na porta eu pensei: “as crianças vão ficar sozinhas”, porém, como eu tinha deixado o João Pedro filmando a aula, continuei o que ia fazer e retornei logo em seguida.
Quando entrei na sala, ao contrário do que eu tinha pensado, eles estavam envolvidos com a atividade. Em casa, ao reproduzir o vídeo, percebi que, na minha ausência nenhum dos alunos aproveitou para fazer algo de errado, comentários e brincadeiras sem graça. Então me perguntei: Por que será que eles não aprontaram? Será que eles são tão espertos que respeitaram somente a câmera que estava filmando a aula?
É natural que qualquer turma nessa idade apronte na ausência do professor ou do responsável por ela. Porém, acredito que, a partir do momento que o professor trata seu aluno com respeito e carinho, é retribuído da mesma forma pelos alunos. Não estou aqui querendo defender aluno e nem tampouco professor, mesmo porque, esta estrada eu percorri e ainda percorro pelos dois polos, ou seja, como aluno e como professor. Mas, estou defendendo uma mudança de comportamento que nos leve ou pelo menos nos aproxime da paz entre professores, alunos e pais de alunos.
Sabemos que esse comportamento rebelde dos alunos advém do mesmo comportamento dos pais, da violência familiar, do ambiente em que a criança convive, enfim, não acredito que somente as crianças sejam culpadas de serem como são.
Ainda ontem, lá pelas 23horas, depois de corrigir minha análise de vídeos para o meu TCC, resolvi ir até um barzinho que fica perto de casa para comer um tira-gosto com minha esposa. Tive uma surpresa ao ver um amigo tocando, e isso foi o que me fez permanecer no local por mais tempo. Em uma mesa ao lado, estava um senhor já de cabelos brancos aparentando 70 anos, um casal de mais ou menos, 28 anos e quatro crianças com idades entre 0 a 10 anos. Notei que o bebê dormia no colo da mãe e um outro de mais ou menos 9 anos cochilava na cadeira. Então, o rapaz que estava ao lado da mãe, gritava com o menino que dormia. “D..., acorda!!! Não vai dormir ai, levanta e vai buscar outra cerveja! Na mesa não tinha refrigerante e nem comida para as crianças que permaneceram em um ambiente não recomendado.
Bom, no mínimo essas crianças agirão assim futuramente. E na escola, como elas se comportam?
Por isso, acredito que podemos nos doar mais aos nossos alunos. Enquanto eu pensava que era preciso amedrontar para conquistar o respeito, eu não tinha o respeito dos alunos. A partir do momento que compreendi que respeitando meus alunos e cumprindo tudo o que prometo, sou recompensado com atitudes como essa do vídeo dessa semana.
Portanto, continuarei assim, amigo dos meus alunos e, com certeza os momentos nas aulas serão sempre agradáveis,
Fica a dica!
Paulo Roberto de Souza e Silva
pmanaca@gmail.com